O objetivo desta formação é ajudá-lo a
meditar e orar com a Palavra de Deus através do método da Lectio Divina, que
consiste em quatro passos: leitura, meditação, oração e contemplação. Sem uma
leitura atenta, os demais passos serão prejudicados. Mas uma boa leitura nos
ajudará muito a meditar o trecho lido, aplicando-o no dia-a-dia. A oração é um
diálogo amoroso com o Senhor, que se revela de muitas formas. Ele nos comunica
sua essência e nós respondemos, interagimos, pois Ele é um Deus vivo e não um
ídolo inerte. Quanto mais profunda nossa oração, maior a sua ação em nós,
levando-nos a mergulhar nele. Nisto consiste a contemplação. Convém lembrar que
a profundidade da oração não se mede pelos “êxtases e arroubamentos”, mas pela
caridade, pelos frutos de amor gerados na vida.
Tomemos a parábola do “Juiz iníquo e a
viúva importuna”, em Lc 18,1-8. Leia-o várias vezes, se possível em alta voz,
para exercitar dois sentidos: visão e audição.
A mensagem desta parábola é que
devemos orar sempre, sem jamais desanimar. Como está sua oração? Você é
insistente como a viúva ou já desfaleceu? Jesus já havia ensinado os discípulos
a orar (cf. Lc 11,1-4), e a pedir com insistência (cf. Lc 11,5-13). Aqui Jesus
conta esta parábola para mostrar a necessidade de orar sempre, sem jamais
desistir. Não é significativa esta insistência? Ele sabe como rapidamente
desistimos, esquecemos o pedido, desanimamos, esmorecemos. E até para saber
quão fortemente fazemos aquela oração, Ele “tarda” a nos atender, como explica
o versículo 7 de Lc 18.
Mas Ele sempre ouve nossa oração!
Talvez não nos dê exatamente aquilo que lhe pedimos, mas pode transformar nosso
pedido em algo melhor para nós. E aí está o valor da oração contínua. Deus é
sempre fiel! Ele nos ensina a orar, a confiar insistentemente, a pedir pela
justiça, sem jamais desanimar, pois pedir é muitas vezes a única coisa que
podemos fazer. Ele nos escuta e, ao seu tempo, nos atenderá, e sempre nos dá ou
faz por nós algo melhor do que pedimos.
Faça uma revisão, olhando em seu
caderno de oração ou “puxando” pela memória, das orações insistentes que você
fez e veja se alguma ficou sem resposta! Observe bem o que diz o versículo 7:
“... os eleitos que clamam a ele dia e noite”... Se alguma vez sua oração ficou
sem resposta, talvez a razão disso tenha sido sua pouca insistência. Pode ser
também que você esteja sofrendo as “demoras de Deus”. Em ambos os casos, convém
louvar e agradecer ao Senhor por Ele permitir que você suporte com paciência o
tempo dele.
A última parte do versículo 8 parece
enigmática ou pessimista. Sobre o que acontecerá até a volta do Filho do Homem,
se Jesus encontrará fé sobre a terra... Será que Ele pensa nos homens que, cada
vez mais orgulhosos de seus conhecimentos científicos e avanços em todas as
áreas, afastam-se da fé? Será que Ele alerta aos cristãos sobre a impiedade dos
últimos tempos, quando o crescimento da iniqüidade esfriará a caridade de
muitos (cf. Mt 24,12)? Ou talvez lembre que a fé (e a oração) é um ato
exclusivo nosso e podemos perdê-la no final, mesmo se um dia ela tiver sido
muito importante para nós.
Nem preciso propor a sua oração, não é
mesmo? Mas, como vimos, ela é fundamental e ninguém pode fazer isso por você.
Louve e agradeça. Peça e suplique. Glorifique e bendiga. Clame e implore. Ore.
Ore. Ore. Permaneça um bom tempo em oração para alcançar a graça de uma oração
contínua, ininterrupta.
Anote em seu caderno os “rhemas” desta
Lectio e partilhe no seu grupo ou comunidade. Escreva para nós, dando seu
testemunho.
Shalom!
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por
José Ricardo F. Bezerra Consagrado na Comunidade de Aliança Shalom