- Eu e
você queremos ser amados. Jamais usados. Para isso, eu e você precisamos olhar
o outro como ele é: uma p-e-s-s-o-a. Uma unidade inseparável de corpo e alma.
Como conseguimos isso? Sendo puros!
Mas,
falar de pureza hoje é dificilíssimo e por uma razão bem simples: as palavras
no nosso vocabulário não significam a realidade que lhe corresponde e por isso
precisamos explicar primeiro do que estamos falando.
Vou dar
um exemplo: o que vem na sua mente quando você escuta a palavra “modéstia”?...
E o que vem na sua mente quando você escuta a palavra “atrativa”?... Por acaso
você relacionou a palavra “modéstia” à idéia de breguice, feiúra ou vulgaridade
e a palavra “atrativa” à idéia de “fineza, beleza e elegância?” Bingo! Você
está dopada(o) pela anti-cultura que nos rodeia. Desculpe-me pela palavra
dopada(o), mas quem não reconhece estar dopada(o) espiritualmente, também não
reconhece necessitar de uma nova medicina espiritual, isto é, uma nova visão do
corpo e da sexualidade!
Esta nova
visão é simplesmente a visão original, a visão que foi planejada desde sempre
pelo Criador e que tanto o homem como a mulher receberam ao serem criados,
dando-lhes a capacidade de estarem nus e não sentir vergonha (Gn. 2, 25). O
perigo é fazer uma pobre interpretação deste versículo. A Palavra de Deus é
infinitamente rica e por isso peço que você leia com toda a atenção o parágrafo
abaixo no qual o Papa João Paulo o explica (nas suas catequeses a explicação é
bem mais profunda, aqui coloco a versão resumidíssima).
“Nudez
significa a bondade original da visão divina. Significa toda a simplicidade e
plenitude da visão através da qual se manifesta o valor puro do homem como
varão e mulher, o valor puro do corpo e do sexo.” Porque puro? Porque a
“revelação original do corpo (contida em Gn 2, 25) não conhece ruptura interior
nem contraposição entre o que é espiritual e o que é sensível, assim como não
conhece ruptura nem contraposição entre o que humanamente constitui a pessoa e
o que no homem é determinado pelo sexo: o que é masculino e o que é feminino”.
(Audiência de João Paulo II, 2 de janeiro de 1980)
A pureza
então é olhar como Deus olha: Ele olhou tudo o que fez e viu que tudo “era
muito bom” (Gn 1, 31). Por isso, pureza e bondade no plano original de Deus são
sinônimos. A pureza do coração é condição para sair da visão reducionista do
corpo e da sexualidade e reconhecer que o “corpo humano nu – em toda a verdade
da sua masculinidade e feminilidade- tem o significado do dom de uma pessoa
para outra pessoa”. Justamente porque sofremos tantas deformações no nosso
“olhar” (que reflete nosso interior!) é que velamos aquilo que no nosso corpo
pode ser olhado como objeto de apropriação e possessão! Não “cobrimos” nossos
corpos porque seja feio ou vergonhoso, mas justamente para proteger-nos de
sermos tratados como objetos! Daí que a “vergonha” relatada no Livro de
Genesis, após a caída do homem e da mulher, tem o significado de proteção por
algo que o primeiro casal, mesmo após o pecado, reconhecem ainda como valioso:
o seu corpo tem um significado esponsal, nele está impresso a chamado a sermos
um dom sincero ao outro!
Por isso
Karol Wojtyla afirma categoricamente: “só a mulher e o homem castos são capazes
de amar verdadeiramente” (Amor e Responsabilidade, pg. 152). A pessoa que não é
- e não busca ser – casta, sempre cairá na tentação (que todos nós sentimos
após o pecado original) de “usar” a pessoa, e uma das maneiras mais comuns de
“usar” a pessoa é separar o seu corpo da totalidade do seu ser.
Ainda
impera a infeliz e equivocada idéia que a castidade conduz ao “desprezo e à
desvalorização da vida sexual”! Mais ainda: dizem que a castidade faz mal!
Simples e profunda é a explicação dada por K. Wojtyla: a castidade é uma virtude
elevada, ergo, implica esforço. Mas com a minha vontade fraca eu não a alcanço,
então... pelo menos para livrar-me do esforço, eu a desprezo subjetivamente
(ele continua tendo o alto valor, mas eu finjo que não tem)! Resultado:
criou-se a falsa argumentação que ela é nociva para o ser humano. Com trágicas
conseqüências, pois “lhe foi recusado o direito de cidadania na alma humana”!
(Cf. Amor e Responsabilidade, pg. 125)
Como
solucionar? Seguindo o conselho se alguém que viveu a mesma era que você e eu,
e hoje já é santo: “O “milagre” da pureza tem como pontos de apoio a oração e a
mortificação.” (St. Escrivá).
E agora,
qual a desculpa que vamos arranjar para não sermos puros?
Ave Maria
puríssima, ora pro nobis!
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
por
Por Julie Marie, Site: Teologia do Corpo
Nenhum comentário:
Postar um comentário