segunda-feira, 17 de outubro de 2011

As demoras de Deus e os efeitos da perseverança

Há momentos em que somos tentados a desistir de tudo. O trabalho não está bem, o casamento vai de mal a pior ou o namoro parece que acabou. Sofremos perseguições, calúnias, somos maltratados. Nosso grande esforço para fazer valer algo, passa despercebido, sem a consideração de ninguém.
As lindas promessas de Deus, aquele plano de amor maravilhoso sobre o qual, um dia, ouvimos dizer e que era para nossa felicidade, não se faz presente nem em fragmentos. Não conseguimos vislumbrar nem mesmo a sombra de dias melhores vindouros. Quantas pessoas assim desistem até de viver?
Talvez você até já tenha resolvido: "Vou abandonar tudo!"; mas uma voz, aquela mesma, suave, porém, clara, que um dia encheu seu coração de alegria por meio das promessas e da esperança de que tudo seria diferente, continua ressoando sutil, e digamos, agora até incomôda, dizendo: "Não desista".
Essa é a hora de ser forte! A perseverança é necessária para que seus sonhos se construam. Perseverar forja em nós os moldes para nos habilitar e correspondermos ao plano que Deus quer nos abençoar. "Sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça" (Eclo 2,3).
Diante da caminhada, devemos nos perguntar: "Será que já estamos configurados, compatíveis com o que Deus tem para nós?".
Se o bem ainda não chegou, será necessário caminhar mais um pouquinho.
Um dos homens mais talentosos que a humanidade conheceu disse uma vez: "O gênio se compõe de 2% de talento e 98% de perseverantes aplicações ao trabalho" (Ludwing van Beethoven – compositor alemão).
O Senhor conta conosco para dar pleno cumprimento de Suas obras e nesse processo também nós vamos sendo lapidados. Talvez, por isso, algumas coisas sejam tão demoradas. "A criação tem sua bondade e sua perfeição próprias, mas não saiu completamente acabada das mãos do Criador. Ela é criada 'em estado de caminhada' para uma perfeição última a ser atingida, para a qual Deus a destinou" (cf. Catecismo da Igreja Católica – art. nº. 302) e "Deus concede assim aos homens serem causas inteligentes e livres para completar sua obra da Criação, aperfeiçoar sua harmonia para o bem deles e de seus próximos" (cf. Catecismo da Igreja Católica – art. nº. 307).
Os grandes homens da Bíblia também foram muito provados na espera. José do Egito tinha dezessete anos quando foi vendido por seus irmãos (cf. Gn 37, 2), somente aos trinta é que sua vida melhorou um pouco como intendente do faraó (cf. Gn 41, 46) e só depois de sete anos de fartas colheitas e dois anos de escassez (cf. Gn 45, 6), é que ele reencontra o pai, Jacó. Ou seja, aos trinta e nove anos, após vinte e dois anos de aflições, (desconsiderado pelos irmãos, acusado injustamente de trair a confiança de Putifar por tentar ter relações sexuais com a esposa do ministro da casa do faraó, depois de ter sido escravo e preso) foi que ele alcançou sua consolação.
Davi foi ungido rei por Samuel e lutou com Golias quando ainda menino (cf. I Sm 17, 33), mas somente aos trinta anos é que realmente foi coroado, assumindo o trono. Durante todo esse tempo, ele foi perseguido por Saul, que tentava matá-lo.
Interessante que não imaginamos o tamanho da graça que há nas promessas do Senhor nem o que Ele pode fazer em uma alma que se deixa moldar e persevera até o fim.
Bento XVI disse: "Nunca fica desapontado quem se entrega a Deus, as promessas do Senhor são sempre maiores que as expectativas humanas", pois o Senhor também proclamou: "Mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos" (cf. Is 55, 9).
José, na sua fidelidade, não somente reencontra os seus, mas marca a história do seu povo, salvando todo o mundo da fome. Davi vai muito além de se tornar um monarca: é em seu governo que as doze tribos de Israel são unificadas e ele passa a simbolizar o protótipo de rei soberano e ideal, e também se torna ascendente do Filho de Deus, o Cristo.
Jesus nos alerta de que para alcançarmos o que almejamos, temos de perseverar: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (cf. Mt 7, 7). Na parábola do juiz injusto "e Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele?" (cf. Lc 18, 7).
Até mesmo as empresas, em seus inícios, precisam de capital de giro para sobreviver e perseverar, e só depois, tornarem-se lucrativas e autossustentáveis. Continue plantando, um dia quando menos esperar, as sementes frutificarão, e pode ser no terreno em que menos se esperava.
Permita-se ser gerado naquilo que Deus tem para você. Não desista do seu casamento, dos seus dotes, não desista das pessoas, dos seus sonhos. Não desista de você nem de sua vida.
Que o Senhor lhe conceda toda têmpera necessária para o tempo que você está vivendo.
Deus o abençoe!
Sandro Ap. Arquejada - Missionário Canção Nova
blog.cancaonova.com/sandro

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... e a semente caiu em terra boa...

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